Mulher entra em trabalho de parto e bebê nasce dentro de carro no Lago SulFamília estava a caminho do hospital, quando a criança veio ao mundo
Uma mulher deu à luz a uma menina dentro do carro, no Lago Sul, nesta manhã (25/10). A atendente Leidiane Alves Batista, 23 anos, estava a caminho do hospital, com o marido, o ajudante de ferragens Murilo Santos da Hora, 23 anos, no veículo da família, quando a criança começou a nascer. O socorro do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) chegou a ser acionado, mas Lays não esperou e veio ao mundo ajudada por pessoas que estavam nos comércios da QI 23. O parto foi improvisado no banco traseiro do veículo, com panos de chão. Após o nascimento, mãe e filha passam bem e seguem internadas no Hospital Materno-Infantil de Brasília (Hmib).
A família mora no Jardim ABC, em Cidade Ocidental (GO), e vinha para Brasília para tentar atendimento na rede pública. Desde o início da manhã, Leidiane, que trabalha em uma farmácia, no Gilberto Salomão, sentia contrações. Quando passavam pelo Lago Sul, na altura da QI 23, Lays começou a nascer, de acordo com o pai da criança. “Eu parei no comércio para pedir ajuda no posto de gasolina, mas não deu tempo”, explica Murilo. Algumas pessoas que estavam no local viram a movimentação e procuraram médicos que estariam nos estabelecimentos vizinhos. A designer Daniele Weyne, 43 anos, viu a aglomeração e decidiu ajudar. “Ninguém queria se aproximar. Quando cheguei perto, vi que a cabeça da bebê já estava para fora. Então, eu a segurei, porque senão, ela cairia ali no chão do carro”, afirma.
Para proteger a criança da sujeira do assoalho, Daniele jogou alguns panos de chão que um vendedor ambulante oferecia, na quadra. “Não sei como consegui fazer um parto. Meu pai é obstetra, então já tinha ouvido, em casa, o que deve ser feito nessas horas. No entanto, não tinha a experiência”, conta Daniele. O fato de já ter passado por três partos, dois deles normais, também a ajudou. “Como eu já tinha feito dois partos normal, não fiquei impressionada com a cena. Por isso, consegui agir”, acredita a designer.
Depois do nascimento de Lays, a médica gastroenterologista e professora da Universidade de Brasília (UnB) Cintia Mendes Clemente, 44 anos, avaliou ambas e atestou bom estado de saúde. Ela estava na mercearia da quadra, quando um homem pediu a ajuda de algum médico para atendimento de urgência. “Até então, não sabia do que se tratava. Quando cheguei ao carro, a bebê já estava nos braços da mãe e as examinei rapidamente. Vi que estavam em bom estado de saúde, que havia corrido tudo bem, e recomendei que fossem ao Hmib para fazer a retirada da placenta”, descreve.
Melhores condições
A pequena Lays logo após o nascimento, a caminho do hospital |
Leidiane e Lays estão internadas no Hmib e devem receber alta amanhã (26/10), na previsão do pai da criança, Murilo Santos da Hora. “Elas estão bem, mas ficaram lá para garantir que está tudo bem”, diz. A menina nasceu com 2,6 kg, foi higienizada e já se alimentou, de acordo com a Secretaria de Saúde do DF. A mãe, por sua vez, foi atendida no Centro Obstétrico e passou por procedimentos padrões. As duas estão estáveis e passam bem. Apesar do susto, ele conta que está feliz com a chegada da caçula. “É uma emoção muito grande o nascimento de uma filha”, festeja. O casal tem outro filho, Gabriel, de três anos. “Ele ficou na casa da avó e está chorando muito. Ele deve se acalmar quando mãe e filha chegarem em casa”, conta.
A forma como Lays nasceu é reflexo do abandono em que a população do Entorno do DF vive, na opinião do pai. “O que aconteceu hoje foi um abuso. Como não temos um posto de saúde perto de casa, onde minha esposa pudesse fazer o parto, tivemos que correr para o hopital no DF”, reclama. Murilo torce para os filhos tenham um futuro com menos dificuldades. “Acho que por agora, eles não vão sentir tanto necessidade, mas quando foram para a escola, pode ser que tenham problemas com a falta de oportunidades. Quero que o país esteja melhor para eles não viverem situações como a de hoje”, afirma.
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